segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Adeus 2015...Deixando para traz o que me pesa...

*Por algum motivo o blog não foi publicado no dia que deveria! Achei bom...agora estamos mais leves para ler...afinal, ultimo dia do ano é sempre tenso, rsrs! Vamos lá, escrevi dia 31/12/2015, mas só agora ele vai para vocês!


Sim, tenho andado off do blog! Como já devo ter dito, nem sempre é tão prazeroso assim falar sobre o câncer e suas consequencias, mas, como estamos aqui, no ultimo dia deste ano trash, achei por bem vir agradecer aos leitores que acompanharam minha história e fazer uma breve retrospectiva.
Fico pensando o porque pensar tanto em tudo o que passou...e como ando cansada de pensar, quero fazer uma espécie de fechamento deste ciclo...
Sei bem que "o ultimo dia de dezembro é sempre igual ao primeiro de janeiro", mas, eu que amo datas (guardo todas, as boas e ruins), levo muito a sério isso de passagem de ano. Sendo assim, achei bom fazer uma retrospectiva, e então deixá-la aqui, guardada, e a partir de então, iniciar uma nova vida, um novo ciclo!
O ano foi de perdas! Muitas...das mais sérias as mais bobas.
Logo em janeiro perdi a reconstrução de mama que havia feito na cirurgia de retirada do câncer/mama. O baque foi grande, pois tem coisas que não imaginamos na vida, e eu nunca me imaginei sem um seio...sempre tive medo, mas nunca achei que aconteceria!
Dias depois, perdi minha querida amiga Daiane Piccin, que lutava contra o maldito câncer. Ela me apoiou desde a descoberta do meu, foi para mim um grande exemplo...me deu apoio e força até seus últimos dias, mesmo de longe (mandando mensagem para que eu não desanimasse, pois nossos casos eram diferentes - ela tinha medo que eu me assustasse com o que podia acontecer com ela). Foi muito dificil perdê-la...difícil pensar o que essa doença pode fazer conosco! Ela deixou uma filha pequena, e eu rezava ainda mais para poder sempre estar ao lado do meu.
Final de fevereiro iniciei a quimioterapia, no inicio perdi a disposição, depois perdi os cabelos, e junto com eles fui perdendo a alegria...foi muito, muito dificil essa fase, talvez a mais dificil da parte da doença. Foram duas semanas até decidir raspar a cabeça e mais uns dois meses para criar coragem de me assumir careca...
"Na falta de algo melhor nunca me faltou coragem!" (HG)...eu não tinha mais para onde correr, estava perdendo minha identidade me escondendo atrás de um cabelo que não era o meu...criei coragem!
E quando criei coragem de assumir, preocupada principalmente com a reação do meu pai, que sofreria muito ao me ver careca, eu o perdi!
Sim, perdi meu pai sem que ele me visse careca. Fui avisada que ele estava passando mal ao chegar na casa dele, corri até lá e já o encontrei desmaiado...eu estava de lenço! Ele não viu...não neste plano! 
Encontrar meu pai ali, desacordado, foi a pior perda, a mais dolorida da minha vida. Fizeram de tudo, mas ele não acordou...era a hora dele partir, e com ele foram minhas forças! Fiquei arrasada, tentando aprender a viver sem uma das pessoas que me colocou nesse mundo. E confesso que ainda tento, todos os dias! 
Perder um pai é perder um pouco da gente também! Naquele dia um pouco de mim se foi com ele, ao mesmo tempo, naquele dia, muito da minha vontade de viver se multiplicou, pois soube o que era a dor de perder alguém tão amado, e desejei ser eterna a meu filho, e por isso passei a lutar ainda mais por tudo, principalmente pela minha vida e saúde. 
Estar careca no velório do meu pai fez com que todos me reconhecessem, e soubessem que eu era a filha 'doente'. Isso teve o lado positivo, pois muuuuuita gente (que trabalhava com ele) veio me dizer o quanto ele me amava e estava preocupado comigo (eu sabia disso, mas ouvir de outras pessoas tem outro peso, é claro, e me fez bem), recebi muitas frases de incentivo em relação a minha cura e isso me acalmou!
O tempo passou e lá se foi mais uma amiga...Cristiane Roncon, pessoa maravilhosa, que tive oportunidade de conhecer no trabalho...de um sorriso sem igual, uma boa vontade dificil de encontrar, um carinho e um carisma de dar gosto nesse mundo de gente estranha...e do nada, cedo demais, ela se foi. Como foi dificil acreditar, como foi cruel aceitar...
Perdas, perdas, perdas...
Pessoas especiais que trabalharam comigo saíram do emprego, não perdi as amigas, mas perdi minhas companheiras de trabalho...
Perdi minha carteira...roubaram minha bolsa e lá se foram minhas coisas (essa faz parte das perdas bobas que falei lá em cima)...eu as encontrei, mas, a sensação estranha de invasão permanece, por outro lado, como me disseram, foi para eu aprender a trancar sempre o carro, rsrs! Ok! Já aprendi!
E para fechar o ano, perdi um colega que foi muito presente na minha época baladeira...Ton Veltroni...pessoa do bem, sorridente, alegre, mas que Deus quis a seu lado, junto com os outros que se foram...como disse a minha amada irmã: "Deve estar uma festa lá no céu, só nosso pai não deve estar tão empolgado, pois ele sempre foi meio rabugento!"...mas, acredito que tudo muda, então, quem sabe ele não está lá participando tambem da festa, não é mesmo?!
E chega de perdas! Cansei delas...não as quero mais!
Ganhei muitas coisas também! Ganhei muitos cheiros do meu filho, ganhei muitos dias e horas para ficar com ele...ganhei aprendizado para esta e outras vidas, ganhei amigos verdadeiros, ganhei presentes, carinhos, visitas, telefonemas...ganhei colo, ganhei uma gata companheira e travessa, mas, ganhei acima de tudo, VIDA!
Não quero mais lembrar das perdas...quero aproveitar os ganhos.
Planos para 2016? Não fiz...não os faço mais, pois já entendi que não tenho o poder de planejar nada.
Vou vivendo, aguardando o fim do tratamento, aguardando o retorno ao trabalho, que está próximo...vivendo!
E quanto ao blog em 2016, não sei se ele continuará...virei contar quando acabar o Herceptin, pois falta pouco, mas, sinceramente, não quero mais ficar falando sobre o câncer, cansei dele, e espero que vocês me entendam...
Agradeço imensamente cada um que perdeu uns minutinhos para ler minhas postagens, agradeço à todos o carinho imenso, as orações, o companheirismo, mesmo que virtual...agradeço por fazerem parte da minha história, por me 'ouvirem', por me acompanhar e torcer por mim. Agradeço todo o apoio dado, todas as mensagens aqui pelo blog e pelo facebook. Vocês me ajudaram a ter forças...Espero, que com minhas palavras, eu possa ter ajudado e ainda ajudar  muita gente. Não se esqueçam de se cuidar sempre, cuidem  da alimentação, da saúde, e tenham cuidado com o câncer...ele é silencioso e judia da gente. 
É isso minha gente..."Vamos viver tudo o que há pra viver...vamos nos permitir"
Feliz 2016, e que tenhamos muitos ganhos...
Boa vida para todos nós, muita saúde e amor :)

Carpe Diem - Colha o dia, confia o mínimo no amanhã!

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Que nosso outubro seja mais rosa e lindo do que nunca!

Ter câncer é, no mínimo, assustador! O medo da palavra câncer, que antigamente nem era pronunciada, se junta ao medo da metástase, o medo da morte (que passa a ser tão próxima), medo de deixar quem amamos...medo todas as vezes que é preciso fazer ou refazer exames!
Nesse meu percurso de vida pós câncer vi companheiras deixando essa vida...e isso é horrível...vi pessoas de todas as idades em tratamento, vi o desespero nos olhos de uns e a alegria de tudo acabar bem nos olhos de outros! Mas, o que aprendi mesmo é que o diagnóstico precoce faz toda a diferença!
Existem (ainda, infelizmente) mulheres que não se olham... Não reparam nas mudanças do corpo, ou, se reparam, preferem se esquivar...
Nosso corpo grita por cuidados!! Cada parte dele precisa de atenção! Então, vamos dar a ele o cuidado que ele merece?
Se você habita este corpo, trate de cuidar dele muito bem, pois dentro dele está sua vida!
Recebi um vídeo lindo e quero compartilhar com vocês! Vale muito a pena!
Viva a vida! Viva um corpo saudável!


quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Outubro Rosa....hoje sou estatística :)

Lá se foram mais de 4 meses sem escrever no meu blog!
Motivos? Muitos... depressão pós quimio, perdas, perdas e mais perdas...preferi calar um pouco, as vezes faz bem, não é?
Bom, mas, aos poucos colocarei em dia as informações importantes deste tempo que fiquei off do blog.
Hoje, a intenção é iniciar o outubro Rosa dizendo que estou aqui!! E que em comemoração ao mês que temos destinado a conscientização e prevenção do câncer de mama, reativo meu BLOG para alertar à todos sobre essa doença ingrata e silenciosa, que chega de mansinho e rouba tanta coisa da gente. As postagens servirão de alerta para que todos se lembrem que, quando detectada no inicio, essa doença tem cura! Então, vamos espalhar informações, vamos fazer exames, vamos perder o medo de ir atrás do que pode nos dar ainda mais medo!
Não podemos ter medo de descobrir uma doença e sim, medo de não conseguir vencê-la! Vamos lá...se toque...faça o auto-exame periodicamente, e não espere os 40 anos para fazer a mamografia.
Cuide-se!
A vida é rosa, nossos sonhos são rosa... Viva-os!


domingo, 10 de maio de 2015

Parte 16: A verdade sobre o que se esconde...



E lá se foi quase um mês sem escrever...não sei bem o porque, muitas ideias na cabeça, algumas coisas aconteceram, mas estava me preservando um pouco, porém, já faz alguns dias que estou precisando escrever, então vamos lá!
Neste tempo a quimio caminhou normalmente, os sintomas continuaram os mesmos, exceto a alergia que se intensificou, mas, nada que um novo antialérgico não resolva. Pois bem! No meio de tudo isso, um belo dia meu filho olha para mim e me diz:
- Mamãe, eu queria mesmo saber como é que a moça colocou esse cabelo na sua cabeça!
Risos!!!
Eu esperava ansiosamente a hora certa de mostrar para ele a minha careca!
Foi então que eu disse, em tom meio "mágico", aquele que só as mães sabem ter (rsrs):
- Filho, ela colocou esse cabelo na mamãe, mas o bacana dele é que ele sai!
- Jura? Posso ver?
- Claro, mas a mamãe está careca!
E sorrindo, com um tom de aceitação (que antes não existia) ele disse:
- Não tem problema, tira pra eu ver mamãe!
E eu tirei e ele abriu um sorriso lindo, como se fosse a coisa mais natural do mundo!
Perguntei se ele queria colocar a mão e ele exitou e logo (naquela rapidez infantil) me disse:
- Tá bom, já pode colocar seu cabelo...e saiu correndo brincar, como se nada tivesse acontecido.
Me senti muito aliviada e liberta (rsrsr), mas tinha alguns medos ainda, ele precisaria acostumar com a minha nova imagem, e eu também.
Na verdade...a verdade é uma só! Eu ainda não me aceitei careca! E não tenho vergonha de falar isso. Essa é minha maior fraqueza, minha maior dificuldade, porém, também não me aceitei de cabelo novo (kkkkkkkkkk).
Parece que tem desafios que ficam nos rondando e nos desafiando e esse é o meu.
Depois do Raul ter visto, comecei a conversar com ele e falar que em casa eu ficaria mais tempo sem cabelo, pois minha cabeça precisava 'respirar' um pouco.
Percebia nele uma certa resistência no inicio.
Um dia ele me viu sair do banho e gritou: "Eu não gosto de você!"
Logo respondi: Já vou colocar o cabelo, e imediatamente ele se ofereceu para me ajudar, deixando de lado a cara feia.
Porém, o mexer no cabelo continuava, então, todo dia na hora dele dormir, caso eu estivesse sem cabelo ele pedia que eu colocasse para que ele mexesse, pois ele ainda estava "distante" da careca.
Um belo dia, em meio as coisas simples da vida, ele me vira e diz:
- Mamãe, eu te amo mesmo careca, você é linda!!!
Claro que chorei e abracei ele com todo amor que há nessa vida. Percebi naquele momento que nada mais fazia diferença, que ele era muito maior do que eu, pois ele me aceitava, e eu não...
Agora ele já mexe na careca e até beija ela, risos...
E agora passo meus dias neste misto de com/sem cabelo, pois ja expliquei minha teoria do lenço para vocês...me sinto melhor, é claro, mais livre, mas ainda não posso afirmar que estou bem resolvida. Mas o cabelo já está crescendo, logo assumirei o cabelo curto e boa!
Só sei mesmo que criança é um ser maravilhoso. E autêntico...hoje, dia das mães, meu sobrinho quis me ver sem cabelo...e lá vou eu para mais uma etapa!
Ele é uma criança extremamente verdadeira (como todas eu acho), e ele sorriu e disse que eu parecia um bebê que não tem cabelo. Adoro as definições dele...quando me viu de cabelo novo, me perguntou porque eu estava vestida de "moça diferente". (AMO)
Tenho medo mesmo é de dar um nó na cabeça dessas crianças. Mas sigo aqui, eu e minhas incertezas e inseguranças em relação a minha imagem.
Está acabando...tudo vai passar e logo vou rir com mais 'gosto' disso tudo...é o que espero!
Feliz Dia das Mães a todas nós, que reconhecemos em nossos filhos tudo aquilo que gostaríamos de ser...


terça-feira, 14 de abril de 2015

Parte 15. Dores e delícias

Nem todo dia é fácil, isso é fato, por mais que eu disfarce bem, tem dias que são difíceis. Hoje por exemplo, foi assim...dia chato, cheio de enjoo, mas aí, lembrei que ontem na quimio, tinha uma mulher a meu lado contanto que vomitou 16 vezes pós quimio! Affff...graças a Deus eu fico só no enjoo mesmo.
Bom, mas cada caso é um caso, e cada "chatice" é unica. Minhas reações são as mesmas toda semana: Segunda: Insônia, terça: enjoo (as vezes mais, as vezes menos!) Quarta: muita, mais muita mesmo, dor no corpo, na pele toda, em cada centímetro de mim...é o pior dia! Quinta: dor no corpo e milhões de alergias, pele empipocada, cheia de espinhas, graças a dosagem grande de corticóide, coceira no corpo todo, pelo mesmo motivo! Na sexta a vida volta ao normal (ressaltando que faço exame de sangue toda sexta, religiosamente, para ver se minhas plaquetinhas lindas estão resistindo a quimio, e elas estão sempre fortes!!!) Sábado e domigo OK! E aí já começa tudo de novo!
A vida anda assim, e então, para sair deste 'marasmo', fui buscar coisas que minimizassem as dores, físicas e psicológicas. Para as físicas, o que tem me ajudado muito, além da Terapia Prânica, que farei um post exclusivo para ela depois, tem sido a acupuntura. Ela tirou muitas dores mais fortes, principalmente as dores que inicialmente sentia nas pernas.
Para as dores psicológicas, fui fazer aula de dança do ventre!!! Isso mesmo, dança do ventre.
Nunca havia passado pela minha cabeça fazer esse tipo de aula, mas sempre que assistia a festivais de dança, me imaginava dançando, sempre achei lindo e sonhava ter o mínimo de capacidade para aquilo, pois minha vergonha e minha falta de coordenação motora sempre foram agravantes!
Bom,e aí, no meu primeiro curso de Terapia Prânica, ao relatar sobre o cancêr, umas duas pessoas me indicaram a dança do ventre, me disseram  que era o tipo de dança que transmitia uma energia muito boa e que me faria muito bem.
Aquilo ficou na minha cabeça! Em menos de um mês, uma amiga (linda) foi fazer uma aula experimental e disse que pensou muito em mim...logo em seguida enviou um link de uma reportagem sobre dança e mulheres que passaram por problemas de saúde, para que eu assistisse...e aí sim, ele mudou minha vida!
 Assistam:https://www.youtube.com/watch?v=1kSu-1srR08


Chorei loucamente ao assistir a parte da reportagem que falava sobre os benefícios da dança do ventre para mulheres que haviam passado por um câncer de mama! Segundo o vídeo, era o momento delas voltarem a se olhar no espelho como mulher!!
Forte isso, pois confesso que o olhar passa a ser mais dificil. E está sendo cada vez mais...

Toda vez que me olho, quando estou sozinha, cara a cara com a minha verdade, a visão não é a melhor, muito menos a mais feliz! É claro que estar viva é lindo...abençoado...e sou muito grata por isso, e por tudo que estou aprendendo e evoluindo, mas me olhar despida (de peito e cabelo) não é muito legal não!
Me "montar" toda vez que saio do banho as vezes é...cansativo...mas vou seguindo com as minhas dores e delícias, da maneira que me convém, tentando poupar um pouco aos que amo, com minhas verdades e minhas dores.
Mas voltando a dança, lá fui eu para a aula experimental. Fui muito bem acolhida pela minha linda professora e as alunas... e a energia recebida realmente foi maravilhosa...
É desafiador fazer o que não se sabe, mas, diante de tantos desafios que a vida tem me dado, porque não mais um?
Fiz minha matricula e fui...me permitir viver mais um desafio!
E está sendo maravilhoso, estou me descobrindo, estou me olhando, estou me superando, vendo aonde posso chegar...é claro que tenho muito a evoluir, e estou disposta a isso. pode ser que não seja uma bela dançarina da Dança do Ventre, mas estou ali, me vendo mulher! Olhando meu corpo, mesmo debilitado, me dando prazer...
Tem dias que vou na marra, pois como disse lá no início, nem todos os dias são fáceis, ainda sinto dores no braço direito devido a cirurgia, tenho dores na pele, pós quimio, e isso é muito incômodo...mas eu respiro e vou, pois ali eu esqueço de tudo e olho para mim, e como disse em outro post, tenho que me amar em primeiro, segundo e terceiro lugar!
É o meu momento, momento de ver que não sou só uma mama...tenho um corpo todo a ser amado e trabalhado...ou melhor, valorizado!!!
Aqui fica então, minha eterna gratidão as pessoas que me apresentaram essa arte, em especial a Ana Carolina Sacomano Carelli, minha 'príncipa'...que me incentivou com o vídeo maravilhoso e com a aula experimental, se não fosse ela eu não estaria lá...e é claro a linda Ale Alcantara, minha professora habiba, linda e dedicada, paciente e intensa em seu elemento água!!! Que já chorou comigo e por mim, pelas minhas superações...Gratidão minha linda, por me colocar à prova! Por me fazer acreditar mais em mim, num momento em que meu eu está tão fragilizado.
Obrigada as companheiras de aula (Marisa, Carol e Carol) pelos sorrisos, pelas conversas, pela troca intensa de energia, pelo cuidado comigo sempre.
Fazer algo por mim, algo que me dê prazer, é o meu presente para a minha vida.
Se eu não mudar, ninguém mudará por mim, pois, "cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é", e eu quero é me deliciar!!!
Viva a dança! Viva la vida!
Bailando....

segunda-feira, 30 de março de 2015

Parte 14. "Na falta de algo melhor, nunca me faltou coragem..."



No meu último post falei sobre minhas intensidades, e nesses dias sem escrever aqui, estava vivendo uma delas!
Como havia dito, meus cabelos estavam caindo demais e eu não sabia que rumo isso ia tomar. Foram duas semanas intensas, de muito choro, tristeza e indecisão.
Muitas pessoas simplesmente podem pensar: tão simples raspar e acabar com tudo!!! Simples?? Nem sempre, quando isso envolve muitas coisas.
Quando as pessoas fazem a quimioterapia vermelha, aquela mais cruel, os cabelos caem todos em 15 dias aproximadamente, eles saem aos montes...no meu caso, com a quimio branca, eles se vão ao longo do processo, ficando cada vez mais ralos, segundo a enfermeira, chegando ao final, muito ralo, com poucos fios apenas.
Muitas pessoas raspam logo a cabeça, pois a queda proporciona uma dor no couro cabeludo, digamos que, insuportável, e vai sendo difícil aguentar mais essa dor. Além de que, a dor emocional é tão intensa quanto a física, pois ver mais uma parte sua indo embora é no mínimo, cruel!
Bom, quem me conhece sabe que sempre fui muito vaidosa, sempre arrumei o cabelo, fiz escova, tentando deixa-lo certinho...com a queda isso estava sendo impossível, pois, a dor estava demais, e eu não conseguia mais fazer nada, só prender o pouco que restava.
Outro fator, um dos que mais intensificaram meus momentos de choro, era que, desde bebê, Raul, meu filho, aprendeu a mexer no meu cabelo. Ele nunca teve uma chupeta ou um paninho, como algumas crianças têm, ele tinha o meu cabelo. O tempo todo está ele grudado no meu cabelo, em casa, no carro, nos momentos de colo, de manha, de sono, enfim...sempre!!
Como ficar sem cabelo e tirar isso do meu filho?
Como deixar meus cabelos saírem nos dedinhos dele?
Ele viu que estava caindo e então eu conversei com ele, disse que o remédio que eu estava tomando para ficar boa logo fazia com que os cabelos caíssem, e que talvez eu precisasse corta-los curtos, bem curtos, como uma careca!!!
Instantaneamente ele disse que não queria!
Dias depois, me olhou e disse que me amaria mesmo careca!!
E então? O que decidir?
Via que ele, involuntariamente procurava meu cabelo...ele está acostumado com a mamãe assim, de cabelo! E neste processo de câncer/tratamento, precisei mudar algumas coisas com ele. Primeiro foi o colo suspenso por meses e o banho junto, pois quis poupá-lo das cicatrizes que as cirurgias deixaram, e agora poupá-lo do cabelo? Será? Pois isso eu poderia evitar.
Até podia ser que ele encarasse tudo com naturalidade, mas EU não encararia! Cada vez que ele procurasse meu cabelo e percebesse que ele não estava lá, eu sofreria, demais!!!
E, sinceramente...estou cansada de sofrer!
Foi então que fui me informar sobre cabelos novos!!! E temos tantas opções hoje em dia, que sofri à toa! kkkkkkkkkkkkk
Em um mundo tão moderno, nem todos os cabelos que vemos são 'nascidos' daquela cabeça! São tantos megahairs, próteses e afins que fiquei "bege". Tanta gente cabeluda por aí, e eu aqui sofrendo?? Um mundo de gente 'disfarçada', rsrsrs, por isso tanta gente linda!
Busquei, por duas semanas, algumas opções...nem tudo é tão simples, mas encontrei o que me deixou feliz e pronto! Cabelos novos! Como ir ao salão e fazer uma mudança radical!!!
Optei pela cor que Deus deu á eles quando vim ao mundo, afinal, era uma loira falsa, claro! Lisos, como sempre sonhei e eram quando eu era criança e iguais aos do Raul. Voltei pra casa, linda, com cabelos novos, que eu posso arrumar, lavar e ser feliz, e sem dor no couro cabeludo! RENOVAÇÃO! ALÍVIO!
Quando cheguei e Raul viu ele logo quis saber o que tinha acontecido com meus cabelos e eu simplesmente respondi:
- Agora esses são meus cabelos, aqueles a moça tirou e colocou esses aqui. O que achou?
- Eu gostei mamãe, eles são gostosos de mexer!
Pronto!!! Simples assim!
Sinceramente, os dias de adaptação foram difíceis, mas estou me acostumando, assim como me acostumei quando fiz selantes e progressivas e quando optei em ser loira!
E mais sinceramente ainda... a boboca aqui, sempre preocupada com o olhar alheio, estava toda incomodada, prevendo comentários sobre o cabelo ser ou não ser meu!Mas eles são, eu comprei, viu?! kkkkkkk
Muitas pessoas usam lenços na maior naturalidade, e eu os acho lindos, mas sinceramente não optei por eles, pois acho mesmo que eles estigmatizam o ser humano!
Toda vez que vemos alguém de lenço logo pensamos: está com câncer...é um pensamento involuntário!
E sabe de uma coisa?? Eu não estou com câncer! Já estive! Estou em tratamento!
Além deste pensamento, o olhar de piedade também acontece involuntariamente, e esse tipo de olhar traz muita energia negativa, e eu não quero elas para mim!
Eu quero é ser feliz, me arrumar, continuar sendo vaidosa!
Quero ter cabelos para que meu filho possa mexer neles a hora que ele quiser e ser feliz junto comigo! Quero mais riso e menos choro, quero mais positividade e menos coisas negativas...
Relutei em publicar isso, mas, se estou contanto a minha história, ela é essa! E essa parte difícil (mais uma) não podia ser omitida!
Então é isso! Peço que me poupem de olhares de piedade, pois eu estou feliz! Peço que guardem comentários maldosos, pois eles não me fortalecem!!! Peço que sorriam mais, pois o riso aumenta a energia positiva...para mim e para vocês :)
Peço, simplesmente, que valorizem o vento, pois ele sacode e bagunça os cabelos, e isso me cheira VIDA!
E como diria o poeta:



Ah, eu sou toda musical, e a música que marcou o dia da minha metamorfose foi essa que dá título a este post! Ouçam, vale a pena!!!


Quantas vezes eu estive cara à cara com a pior metade?


A lembrança no espelho, a esperança na outra margem



Quantas vezes a gente sobrevive à hora da verdade?



Na falta de algo melhor nunca me faltou coragem



Se eu soubesse antes o que sei agora



Erraria tudo exatamente igual

(Surfando Karmas e DNAs - Engenheiros do Hawaii)

Link: http://www.vagalume.com.br/engenheiros-do-hawaii/surfando-karmas-dna.html#ixzz3Vvb2XAKo

domingo, 15 de março de 2015

Parte 13. Eu e as minhas intensidades..

Desde que descobri o câncer de mama muitas pessoas me disseram  que eu era uma guerreira, que eu era muito forte, que Deus não dá o fardo maior do que podemos carregar...enfim...quanta responsabilidade ser tão forte assim, não é?
Ao mesmo tempo, minha psicóloga me ensinou que eu preciso "me permitir" viver meus medos, meus lutos, meus risos e minhas intensidades...
Então eu vivo num verdadeiro conflito...tenho medo de muitas coisas, muitas vezes tenho medo até de pensar e eles, os tais pensamentos, se concretizarem.
Mas eu também aprendi a importância do "me permitir".
Sempre trabalhei demais, demais mesmo...ano passado, por exemplo, foi o ano mais intenso de trabalho. Amo meu trabalho, ou melhor...meus trabalhos.
Sou professora do ensino fundamental, professora da educação a distancia da Graduação em Pedagogia, e nas horas (não muito vagas) sou boleira.
Ano passado, além do trabalho fixo com o ensino fundamental, tive disciplina nova da graduação, e amei prepará-la. Além disso, investi nos meus bolos e doces e trabalhei pra caramba...
Mas não é só o trabalho né, tem filho, marido, casa, supermercado, obrigações, responsabilidades (nem sempre minhas, mas que sempre adorei pegar para mim), enfim...são tantas coisas...
E nessa vida intensa, de trabalho, fui me deixando de lado sem perceber.
Eu achava que cuidava de mim...fazia caminhada, tinha um alimentação minimamente saudável, mas tudo sempre no mínimo.
O dinheiro era o mais importante! Ter dinheiro, pagar as contas, passear, comprar as coisas para o meu filho, para mim, para a casa...trabalhar e ter dinheiro...dinheiro que nunca sobrava, nunca sobrou, pois, nesse mundo capitalista tudo gira em torno do dinheiro, mas eu achava que precisava dele (sei que ainda preciso, pois minhas contas me dizem isso todo mês rsrs). E eu fui vivendo essa intensidade....trabalho, trabalho, trabalho.
E de repente, tudo parou!
Parei na marra! Parece que Deus olhou para mim e disse:
- Minha filha, você precisa ver a vida de outro ângulo, você precisa ver que existe outro jeito de viver que não só se 'matando' de fazer tudo!
E então, veio essa 'bomba'. Parei! Parei por mal sim...parei pela dor...
Estou sem trabalhar há 4 meses, e ficar parada me fez e faz aprender muitas coisas.
Primeiro, o quanto é bom ficar em casa...nem sabia mais o que era isso...
Como é bom ter mais tempo com meu filho, que ficava o dia todo na escola e que agora fica mais comigo.
Como é bom esperar meu marido chegar do trabalho e poder preparar um café da tarde para ele.
Como é bom passar tardes com minha irmã, minha mãe, meus amigos...
Como é bom ter tempo...como é bom não ter hora para acordar!
Mas mesmo assim, ainda percebo que preciso fazer algo por mim, para mim.
Ficar em casa, sem trabalhar, nem sempre é facil.
As vezes acordo e me sinto perdida. Penso: Meus Deus, o que vou fazer hoje?
Não gosto de dias vazios, sou intensa, gosto de viver...de ser feliz...Mas, dentro do 'me permitir', tem dias que me permito ter minhas dores e meus medos.
Nem tudo são flores. Sofro com o fato de ter tido um câncer, e como disse lá no inicio, é muita responsabilidade ser tão 'guerreira'.
Essa semana sofri muito com o início da queda do meu cabelo. Não sei como será e qual será a intensidade disso. Pode ser que nem todos caiam, mas sei que muitos se vão!! E eu, como boa taurina que sou, sofri muito, chorei muito! E agora passou!
Sou assim, sofro, choro, depois passa, depois vejo que devo mesmo ser forte, ou melhor, vejo que tem algum (ou alguns) seres superiores que me dão força e muita iluminação para encarar essa vida que vim viver!
E nas horas de maiores dificuldades, ganho presentes que me fazem ter força de novo, que afastam meus medos, que me fazem sentir forte novamente.
Não sei até aonde vai a minha força, e sinceramente, tenho medo de saber, tenho medo de estar sendo testada! Então, vou acreditar que sou forte, ok?!
Ganhei de um amigo um poema...ele traduz muito de mim, muito mesmo!
Espero que seja sempre assim, que a minha intensidade me permita ser feliz e cuidar mais de mim.
E o que aprendi com tudo isso?
Que em primeiro lugar eu tenho que me amar! Em segundo lugar, tenho que me amar também, e em terceiro também, pois eu me amando, amo mais quem está perto de mim.
Fica a dica para meus amigos e leitores que trabalham tanto, que vivem uma vida intensa e que se deixam de lado (sem perceber)!
Amem-se!!!

Segue o poema que ganhei...

Heroína

Seria uma manhã qualquer
De um dia normal,
De um nascer de sol,
Como a gente sempre quer.
Mas uma nuvem apareceu,
Seu caminho escureceu,
O chão sumiu.
Era o fim?
Para outros sim,
Para ela jamais.
Encarou seu horizonte,
Ergueu-se, lutou
A luta de sua vida.
Como uma missão cumprida,
O sol então se abriu
E ela novamente sorriu.
Era o fim?
Quem dera,
E como quem não espera
A escuridão em seu céu impera.
O chão se vai, as forças também,
Mas ela sabe que pode ir além.
Põe de volta o sorriso no rosto,
Encara a batalha
Com a força de que não aceita falha.
Iluminando o céu novamente,
Desafiando qualquer descrente
Sua vitória é diária.
É mulher, é menina,
É bela,
É heroína.

(Getulio R. Lourenço)

Que eu sempre tenha força para ser uma verdadeira heroína, e que meus medos sejam superados, sem maiores sustos!!! Que assim seja!